Pra vc curtir, clicar e recomendar!

Publicidade:

Histórias que li por aí: Cornelius Vanderbilt

por em
A vidinha de pescador já não dava ganhos suficientes para o jovem Cornelius Vanderbilt; ele se dirigiu a um alto servidor do Farmens Bank, um tal Baker, em Nova York, e pediu colocação.

O homem perguntou-lhe se jogava. Respondeu que raramente, mas se aventurava no pôquer e na loteria. O banqueiro despachou-o: volte daqui a uns três meses. Se tiver parado com o jogo, poderá ter futuro com a gente.

Vencido o prazo, o moço retornou e o chefe do banco questionou: "você bebe"? O rapazola disse que, de vez em quando, traçava uma aguardente de cereais.

- Volte daqui a um ano, se tiver deixado o gole pr’uma banda.

Ao fim do tempo, o moço retornou e veio a pergunta: "você fuma"?

- Ora, trabalhando no mar, em pescaria, como poderia ficar sem um cachimbo?

- "Então", retruca o banqueiro, "passado um ano sem pitar, volte e veremos". E o rapaz não voltou mais.

Um dia, o banqueiro lembrou-se de Vanderbilt e mandou alguém caçá-lo. Depois de uma peleja, localizaram-no e ele foi conduzido à presença de Baker, que o saudou: - "estamos esperando por você faz muitos dias". Vanderbilt respondeu: - "pode esperar sentado. Durante esse tempo em que andei vindo aqui, venci os vícios e fiquei tão empapuçado de dinheiro que agora não preciso mais do emprego". Com efeito, no correr do tempo, esse camarada seria dono de fortuna pra gente arrastar de enxada.

Vanderbilt dedicou-se à marinha mercante e à construção de ferrovias. Em 1829, comandava o serviço de navio a vapor no rio Hudson, entre Manhattan e Albany, Nova York. Por volta dos anos 1840, tinha uma frota de cem barcos navegando o Hudson e obteve a reputação de possuir o maior número de empregados em qualquer negócio dos Estados Unidos.

Durante a corrida ao ouro na Califórnia, em 1849, ele ofereceu um atalho através da Nicarágua - diminuindo a viagem para a Califórnia em 960 quilômetros e pela metade do preço do que custava a travessia do caminho do istmo do Panamá. A partir da década de 1860, começou a investir em ferrovias.

Cruel nos negócios, Cornelius Vanderbilt fez poucos amigos e muitos inimigos em vida. No testamento, repudiou todos os filhos, com exceção de William, que era tão cruel nos negócios como o pai e o único que, conforme pensava Cornelius, seria capaz de manter o império de negócios. Ao tempo de sua morte, aos 82 anos, a fortuna de Cornelius Vanderbilt estava estimada em US$ 143 bilhões.

Ele deixou US$ 1 milhão, como prometido, para a Universidade de Vanderbilt e US$ 50 mil para a Igreja dos Desconhecidos na Cidade de Nova York.

Legou US$ 138 bilhões para seu filho William e somente US$ 500 milhões para cada uma de suas oito filhas. Sua esposa recebeu US$ 500 milhões de dólares e vários outros bens. Ele, Henri Deterding e os Rotschild foram e são, através de seus sucessores, as pessoas mais ricas entre os ricos da esfera terráquea.



Comodoro, diabólico, criador e destruidor

Lucas Mendes
De Nova York para a BBC Brasil

Lucas Mendes

A Grand Central Terminal na rua 42 é a mais cinematográfica e monumental das estações de trem de Nova York. Atrás dela há uma estátua de Cornelius Vanderbilt. Ele contempla o sul da ilha, onde seus trens foram proibidos de chegar no século passado porque poluíam a cidade.

Como a estátua, o empreendedor conhecido como Comodoro, era grande - quase 200 quilos, 1,90 metro - e grosso. Parou de estudar aos 11 anos - "se fosse me educar não teria tempo para mais nada", para trabalhar nas balsas que cruzavam o rio Hudson. Aos 16, com dinheiro da mãe, comprou seu primeiro barco, aos 20 já era rico e quando morreu tinha acumulado a segunda maior fortuna da história do país, menor, por um punhado de dólares, que a de John D. Rockefeller.

Era esnobado pela sociedade de Nova York porque desprezava não só a cultura, como as etiquetas, mas não bebia nem teve escândalos pessoais. O único vício era o charuto, aceso ou apagado, sempre tinha um na boca. Desprezava também o governo e os que dependiam dele.

Quando montou sua frota de barcos a vapor foi contra um monopólio legal de 30 anos concedido pelo governo a Robert Fulton e Robert Livingston, dois poderosos. A briga entre eles foi parar no Supremo Tribunal, que quebrou o monopólio e, em poucos anos, o Comodoro tinha tinha mais de cem barcos no rio.

Queria mais. Entrou na competição com duas linhas que cruzavam o Atlântico e tinham subsídios do governo, a Cunard e a Collins. Quando começaram a perder a parada usaram o dinheiro da nação para comprar o Comodoro que, em troca, saiu da competição. Foi desta tramoia que, num cartoon crítico, surgiu a expressão "robber baron" - Barão Ladrão -, dedicada ao Comodoro e, depois, aos outros "barões ladrões" do petróleo, do aço, dos tecidos que criaram o mais selvagem capitalismo, contra qualquer tipo de intervenção do governo. Foi a Era Dourada nos Estados Unidos.

A nova biografia do Comodoro, The First Tycoon: The Epic Life of Cornelius Vanderbilt, vem no momento certo. O autor, T.J. Styles, também biógrafo de Jesse James, nos mostra as luzes e sombras do homem que construiu a implacável América corporativa, responsável, em grande parte, segundo a esquerda, pela profundidade da divisão entre ricos e pobres nos Estados Unidos.

Depois das balsas, barcos e navios, o Comodoro investiu em trens e, durante alguns anos, foi o maior empregador do país. A competição pelas linhas de trem com Jay Gould, outro milionário que controlava a ferrovia do Erie, com milhares de quilômetros, ficou conhecida como a Guerra Erie e foi uma das poucas paradas que o Comodoro perdeu. Derrotado, criou a expressão: "Nunca chute um gambá."

Vanderbilt chutava os próprios filhos e, ao contrário dos barões da época e dos bilionários de hoje, não se preocupava com a imagem nem com caridade. Os contra-parentes custaram a tomar dele US$ 1 milhão para criar a Universidade Vanderbilt, mas dos US$ 100 milhões que deixou da herança (US$ 167 bilhões hoje), US$ 95 milhões foram para o filho William, único dos seus 13 "capaz de manter um império empresarial". Oito filhas e a viúva receberam US$ 500 mil cada uma. Os outros, menos ainda. Uma mixaria comparada com a fortuna de William, mas não era pouca grana. Um neto, George Washington Vanderbilt 2º, usou parte da herança para construir a maior residência particular do país, a Biltmore.

A biografia é sucesso crítico pelos detalhes e pelo equilíbrio. O Comodoro comprou políticos no governo de Nova York, um crime, e fez acordos com competidores para fixar preços, legal naquela época mas, na maioria das competições que ele entrou, baixou os preços. Ele ganhou e os consumidores também.

Todas as leis e regulamentos que temos hoje, muitos inspirados para conter os barões ladrões, não conseguiram impedir o rombo de US$ 60 bilhões de Madoff e outros bilhões muito maiores dos bancos e financeiras.

O Comodoro foi um "destróier" e um criador do capitalismo - 132 anos depois da morte dele, não sabemos se está no preto ou no vermelho mas o capitalismo está navegando sem destino certo.

fonte: http://www.bbc.co.uk/portuguese/cultura/2009/05/090514_lucasmendes.shtml

Seja o primeiro a comentar!

Postar um comentário